Dromeossauros e suas garras afiadas

Velociraptor usava garra para escalar, não para matarSegundo o filme "Parque dos Dinossauros", qualquer um dos predadores rápidos estripava suas presas com "garras assassinas". Não é assim, afirmam paleontólogos que estudaram a biomecânica das garras do Velociraptor. Em vez disso, os notórios dinossauros usaram suas garras para agarrar a presa e subir em árvores.

Phil Manning, da Universidade de Manchester (Reino Unido), e colegas mostraram anteriormente que as garras na pata afiada poderia perfurar a pele e ajudar o dinossauro a agarrar a presa ferida, mas não era suficientemente preparada para rasgar a pele aberta. Agora, uma análise da biomecânica da pata dianteira sugere que ela poderia suportar o peso de um dinossauro durante uma escalada.

Manning sugere que o Velociraptor usou a habilidade para escalar galhos nas árvores e atacar as presas de cima, com suas garras perfurando a pele de forma que capturasse o corpo da vítima, enquanto a subjugava e a mordia.

Ele observou que o Microraptor --pequeno dinossauro da mesma família do Velociraptor (dromeossauros), mas que viveu 50 milhões de anos antes do sucessor-- tinha quatro membros com penas, a fim de ajudá-lo a deslizar para baixo em árvores. "A musculatura da perna e da cauda mostra que estes animais estão adaptados para subir em vez de correr", diz ele.

Peter Makovicky, paleontólogo do Museu de História Natural Field em Chicago, disse que ancestrais menores da família dromeossauro como o Microraptor podem ter sido alpinistas --mas seus descendentes adaptaram as garras para outros fins, tais como enclausurar a presa, tal como os grandes felinos e suas garras curvas e afiadas fazem atualmente.

O mesmo formato de garra é visto em outros dromeossauros, como o Utahraptor e o Achillobator, cujo tamanho pode chegar a seis metros de comprimento e cujo peso pode chegar a centenas de quilos em ambos, afirma Mackovicky. "Seria difícil encontrar uma árvore em que eles pudessem subir."

Fonte: New Scientist

Raptorex kriegsteini vs Tyrannosaurus rex

Cientistas acham avô nanico dos tiranossauros na China


O passado do dinossauro mais famoso do mundo é totalmente diferente do que os cientistas andavam imaginando há décadas. O culpado pela reviravolta é o (relativamente) pequeno Raptorex kriegsteini, de 3 m e 130 milhões de anos de idade, que só pode ser descrito como uma miniatura, nos menores detalhes, dos tiranossauros.

A descoberta, descrita na edição eletrônica da revista "Science", deixou boquiabertos os próprios paleontólogos que descreveram o bicho.

"Como toda criança sabe, os tiranossauros tinham uma cabeça gigantesca e patas da frente pateticamente pequenas", diz Stephen Brusatte, do Museu Americano de História Natural. "Todo mundo achava que esses traços estranhos eram consequência do tamanho gigantesco [12 m e 6 toneladas] que esses bichos atingiram. O Raptorex acaba com essa ideia", diz o paleontólogo, que é coautor da pesquisa.

"Lembre-se de que o Tyrannosaurus rex só viveu há 65 milhões de anos. O que nós estamos vendo é que o mesmo design estava disponível desde muito antes. Esses traços provavelmente surgiram num predador ágil, corredor, que usava suas imensas mandíbulas para arrancar pedaços das vítimas. Era isso que definia os tiranossauros: eles eram bocarras com pernas, basicamente", completa Paul Sereno, da Universidade de Chicago, que também assina o estudo.

Esse design deu tão certo que os sucessores do Raptorex viraram os únicos predadores do hemisfério Norte nos últimos 25 milhões da era dos dinossauros.

Além da importância puramente científica do achado, a descoberta também serviu como um golpe contra o comércio ilegal de fósseis. Sereno conta que o fóssil chegou às suas mãos por meio de um colecionador, o médico Henry Kriegstein.

"Esse fóssil foi obtido na China na calada da noite, contrabandeado e comprado aqui nos EUA. Kriegstein pediu que eu descrevesse a espécie. Eu disse que topava, mas apenas se o fóssil fosse devolvido à China", afirma Sereno. Dois pesquisadores chineses, aliás, também assinam a descrição da espécie.

Fonte: Folha de São Paulo